Post Trauma: vale a pena?

Vamos ser francos: há muito tempo superamos os survival horror clássicos. Aquelas mecânicas de gerenciamento, câmeras fixas, backtracking e tudo mais… isso faz parte de um passado que ficou para trás. Bom, ao menos é isso que te forçaram a acreditar.

Estúdios AAA seguem apostando nos jogos em primeira pessoa ou baseados em over-the-shoulder, enquanto outros tentam reacender a chama das lembranças. E que lembranças, hein? Basicamente nós, fãs de terror, tivemos nossas experiências moldadas pelo antigo.

E é nesse fluxo de memórias que Post Trauma aparece. Um título simples em sua proposta, mas carregado de marcas que revelam como ainda há pessoas dispostas a criarem algo consistente, tenso, engajador e cheio de mistérios. Ah, e bem feito.

O purgatório de Roman

Maquinista de trem de meia-idade, Roman desperta em uma realidade surreal e aterrorizante após sofrer um ataque de pânico. Preso em uma dimensão distorcida, ele se vê em um mundo onde a arquitetura é opressiva, ilógica e orgânica.

Porém, tudo no native parece ser estranhamente acquainted: estações de trem, hospitais e escolas, mas representados de forma grotesca e perturbadora. E como se não bastasse, pesadelos ganharam vida e passam a perseguir Roman por todos os cantos.

Post Trauma
Fonte: André Custodio

O que significa essa dimensão? Por que o maquinista sente que suas memórias estão sendo despertadas a cada native descoberto? Seria tudo resultado de traumas do seu passado e de eventos traumáticos? Cabe a ele descobrir e encontrar uma saída.

Submit Trauma é um survival horror com foco em puzzles. Linear e baseado em narrativa, o recreation se inspira fortemente nos clássicos Resident Evil, apesar da proposta psicológica e conceitual ser muito mais próxima de Silent Hill.

Post Trauma
Fonte: André Custodio

O jogo, desenvolvido pelo estúdio indie Purple Soul Video games, resgata elementos que marcaram a década de 1990, como câmera fixa, backtracking, gerenciamento de inventário e sobrevivência humana, sem opção de upgrades ou de tornar Roman mais resiliente.

Isso quer dizer que, desde o primeiro instante, Submit Trauma estimula os jogadores a seguirem seus instintos. E apesar da experiência ser bastante linear, os quebra-cabeças intrincados garantem que o protagonista quebre bastante a cabeça enquanto explora os mapas.

Post Trauma
Fonte: André Custodio

Com dois níveos de dificuldade, o jogo tem uma campanha que vai de 5h a 7h de duração, caso se discover tudo. Neste primeiro momento, há apenas quatro colecionáveis, mas os puzzles e uma potencial busca pela platina podem estender o tempo de jogo.

Nesse sentido, Submit Trauma oferece uma campanha consistente e bastante objetiva, sem fugas de roteiro e com esclarecimentos graduais. Cada nova área descoberta com o fim dos atos dá sequência direta ao que ocorreu anteriormente.

Mundo tenso… e impressionante

O universo de Submit Trauma é belíssimo e intrigante. Enquanto exploramos os mapas, é possível observar algumas referências não apenas ao Silent Hill, mas às obras do quadrinista italiano Paolo Eleuteri Serpieri e até mesmo aos contos de Lovecraft.

São corredores estreitos e escuros, menções ao terror corporal, sangue e violência, efeitos de deterioração, manequins e mais. Tudo isso resulta em uma proposta visualmente belíssima, que chega a contrastar várias vezes com o horror por revelar áreas mais acolhedoras.

Post Trauma
Fonte: André Custodio

Tecnicamente, o trabalho artístico de Submit Trauma é impecável, em especial no que diz respeito aos cenários. Os jogadores ficarão bastante desconfortáveis, principalmente quando os gatilhos do jogo acionam mudanças ou revelam coisas que não estavam ali.

Como há um intenso sistema de backtracking, Roman está constantemente virando seu rosto para observar pontos de interesse. E isso dá pistas preciosas sobre objetos, portas e outros mecanismos que podem ser interagidos, seja para prosseguir ou destravar algo.

Post Trauma
Fonte: André Custodio

Além disso, o ótimo trabalho das câmeras fixas deixam tudo ainda mais imprevisível. Ao entrar em um cômodo, às vezes é preciso caminhar um pouco mais para ativar um novo ângulo e descobrir algo que pode te dar alívio — ou susto.

Vale pontuar o excelente trabalho de áudio em Submit Trauma. A Purple Soul mandou muito bem ao integrar passos, sons, gritos e falas adequadamente com os corredores. Assim, você sabe que algo está se aproximando, mas não necessariamente de onde.

Post Trauma
Fonte: André Custodio

Isso se estende ao ranger das portas, às mudanças ambientais, a barulhos bruscos e muito mais. Tecnicamente falando, o recreation apresenta algo surpreendente — apesar de haver alguns bugs visuais que não chegam a impactar na experiência de jogo.

Puzzles desafiadores e muito bem elaborados

Submit Trauma aposta levemente no combate, oferecendo armas de fogo e armas brancas, bem como comandos de esquiva e de travar mira, que são utilizados como meios ofensivos para derrotar inimigos bizarros e chefões.

Apesar desse sistema ser bem simples (não limitado), ele é funcional e não é atrapalhado pela câmera fixa. Após travar o comando em um monstro, a câmera passa a acompanhá-lo automaticamente e até mesmo a mudar seu campo de visão.

Post Trauma
Fonte: André Custodio

Mas é nos quebra-cabeças que Submit Trauma realmente brilha. Fãs de survival horror dos anos 1990 serão fisgados de imediato. As pistas estão em documentos, áudios, paredes, piso e em vários outros locais — e não necessariamente se relacionam a um único ato.

Outro ponto importante é que os objetos coletados para os puzzles, que vão desde moedas até bolsas de sangue, sempre entram na seção de itens importantes. Assim, eles não se misturam com o inventário gerenciável e ficam sempre à disposição.

Post Trauma
Fonte: André Custodio

Ao mesmo tempo, Roman deve correr, algo que consome sua estamina. Outros pontos interessantes incluem baús de armazenamento que transportam itens guardados para outros mapas e sistema de save handbook (mesmo havendo automático em momentos chave).

Infelizmente, esse ritmo de jogo pode ser prejudicado caso você morra demais, pois os tempos de carregamento do respawn são longos. Felizmente o jogo não é cercado de ameaças fatais, então esse problema é minimizado na campanha.

Submit Trauma: vale a pena?

Com inspirações pontuais, Submit Trauma é um survival horror bastante simples, mas eficaz. A ideia de modernizar os clássicos de câmera fixa funciona muito bem, especialmente por agregar cenários incríveis, belos efeitos na Unreal Engine 5 e história instigante.

A dublagem e o sistema de áudio merecem muitos elogios, enquanto o combate pode não ser lá essas coisas todas, mas agrada pela sua objetividade. Enquanto isso, os puzzles quebram a cabeça o suficiente, sem oferecer uma experiência travada ou de ritmo ruim.

Post Trauma
Fonte: André Custodio

Há alguns problemas na localização e de bugs visuais, principalmente na colisão, que devem ser corrigidos no futuro, mas isso não impede Submit Trauma de ser um jogo de terror atraente. De fato, foi um trabalho muito bem feito e que respeita a essência do gênero.

Caso você queira dar uma probability ao recreation, ele custa apenas R$ 79,90 na PS Store — e você ainda está apoiando mais um estúdio indie que fugiu bastante da caixinha. Espalhe a palavra para seus amigos, pois o recreation merece bastante a atenção.

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